O problema das generalizações nas relações
Antes de mais nada, que saudade de escrever por aqui! Fico muito a vontade de escrever nesse blog, pois como não o divulgo, fico na ilusão de que posso escrever "tranquilamente". Pura ilusão, claro!! Risos. Mas enfim...minha reflexão de hoje tem muito a ver com uma situação que eu passei há dias atrás. Há pouco tempo atrás, comecei a me envolver afetivamente com uma pessoa que, inicialmente, mostrou-se muito interessada em mim, e com características que eu admiro muito em alguém. Analisando a situação PÓS acontecimento, percebo que o maior engano não foi com relação a pessoa, foi comigo, pois eu me perdi naquilo que eu também idealizei. Quantas vezes culpamos os outros por nos enganar, mas quantas vezes nós mesmos nos deixamos nos enganar por aquilo que idealizamos? Nessa situação específica, sem dúvida, a pessoa em questão foi extremamente canalha, infantil, enfim, poderia atribuir-lhe uma série de adjetivos "negativos", porém, não posso extrair a minha responsabilidade nisso tudo. Eu também me deixei enganar por aquilo que eu desejava que ele fosse. Deixei me enganar pelas idealizações que eu mesma fiz. E quantas vezes fazemos isso em nossas vidas, não? Muitas...muitas...muitas.
A questão é que, comumente, em situações em que a nossa consciência significa algo como "experiência negativa", tendemos a generalizar essas experiências negativas para diversas situações. Por exemplo, quantas vezes, ao nos decepcionarmos e nos frustrarmos com alguém, não falamos: "Não quero mais saber de relacionamento" ou "Vou fazer a mesma coisa com outras pessoas", ou ainda "Não dá para confiar em mais ninguém!". Eu mesma, nessa situação em questão, me peguei pensando: "Ah, não vale a pena. Olha só como as pessoas são vazias, sem caráter, não dá para confiar em ninguém!". Olha só que generalização péssima! A verdade é que, por mais que haja uma tendência de fazermos tais generalizações, temos que ter o nosso tempo para refletirmos sobre esse tipo de pensamento. Existir é estar aberto para o que vem ao nosso encontro em nossa lida cotidiana: com nós, com os outros, com o mundo; logo, na vida não há garantias, certezas. Mesmo tentando nos fechar a fim de nos proteger, ainda assim não há garantia de "não sofrimento", pois com tanta proteção, como ser feliz? Por estarmos em constante abertura para o que acontece "aí" no mundo, é que podemos refletir e fazer novas escolhas. E que bom ter esse poder de escolha, né? Não dá para pensarmos nas pessoas como "formas de gelo", em que todas são iguais, da mesma forma. Cada pessoa possui uma construção sócio-histórica-cultural, com experiências e vivências particulares, com diferentes modos de ser e estar no mundo. Sendo assim, como podemos generalizar pessoas e situações? É claro que estamos em uma era onde o consumismo ultrapassou todos os limites e, comumente, ao invés de amarmos pessoas e usarmos coisas, estamos amando mais as coisas e usando as pessoas, transformando, então, as relações em mercadorias. Porém, com esse tipo de ação, é cada vez mais comum nos depararmos com pessoas que cada vez mais reclamam de um imenso vazio dentro de si...e por que será? Enfim...algo a se pensar: o que estamos fazendo com as nossas relações(conosco, com os outros)? Que vazio é esse? Estamos assumindo as nossas responsabilidades por nossas escolhas/ações, ou será que estamos fugindo delas, atribuindo-as aos outros?
"A vida é a soma de todas as suas escolhas!" (Albert Camus)
P.s.: E até fugir de escolhas e posicionamentos é escolher.
Todos esses acontecimentos, bons ou ruins, servem como aprendizado. De tudo que me contou sobre essa caso, me faz pensar ainda mais, como o ser humano está perdendo a noção de valores e respeito ao próximo.
ResponderExcluirSem dúvida, meu bem!!! Podemos ressignificar nossas experiências/vivências. Isso é ótimo. Algo ruim pode ser ressignificado como um bom aprendizado. É verdade, viu? De maneira geral, o egocentrismo está tomando conta de tudo, né? E aí vem essa tremenda dificuldade de pensar nos outros como seres que também sentem. Penso que o principal ingrediente para se conviver em sociedade é, e sempre será, o respeito!!!
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