segunda-feira, 17 de junho de 2013

As duas faces da ira acumulada

Não dá para ficar indiferente diante de um cenário que mostra nitidamente uma variância de sentimentos acumulados. Como num estalar de dedos, o povo brasileiro, que até então parecia adormecido, apático, sem forças para sequer exigir seus direitos, resolveu unir-se e, literalmente, mostrar a cara. A "cara da revolta" diante de toda uma história de descaso, injustiça, negligência, corrupção, abuso, enfim...o que não falta são razões para nos revoltarmos.
Enquanto a carga tributária total do Brasil já está entre as mais altas do mundo(disputando inclusive com países realmente desenvolvidos), os considerados "pilares de sustentação de uma sociedade" (saúde, educação e segurança) estão, mais que nunca, ABANDONADOS. Nada coerente, não? Para onde está indo, então, toda a carga tributária que pagamos? Queremos o que é nosso, não?
Pensando bem, talvez o povo não estivesse tão indolente, e sim PARALISADO diante de tantas atrocidades concomitantes. Talvez por trás de todo um povo silencioso, houvesse uma junção de perplexidade, medo, raiva, ira...e que agora, como numa catarse, esteja havendo uma imensa descarga de tantos afetos acumulados. O problema de tanto acúmulo assim, é nos perdermos nos nossos próprios objetivos. Afinal, como um protesto contra violências, injustiças, etc, pode se dar com violência e injustiça? Como um protesto contra o descaso com o que é PÚBLICO, com o que é NOSSO, pode envolver depredação do que é NOSSO?
Que essa ira se transforme em um "sair da inércia" produtivo, crítico e que, assim, produza mudanças. Que esse sair da inércia seja genuíno, como um "acordar para o desejo de um país melhor, começando por melhorias em NOSSAS PRÓPRIAS ações. Que todo esse movimento não seja apenas um ROMPANTE de ira acumulada, gerando como fruto apenas mais violência. E, por fim, que tenhamos senso crítico suficiente para enxergarmos que até nesse movimento há um tremendo jogo político.

"Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!"

domingo, 21 de abril de 2013

O problema das generalizações nas relações

Antes de mais nada, que saudade de escrever por aqui! Fico muito a vontade de escrever nesse blog, pois como não o divulgo, fico na ilusão de que posso escrever "tranquilamente". Pura ilusão, claro!! Risos. Mas enfim...minha reflexão de hoje tem muito a ver com uma situação que eu passei há dias atrás. Há pouco tempo atrás, comecei a me envolver afetivamente com uma pessoa que, inicialmente, mostrou-se muito interessada em mim, e com características que eu admiro muito em alguém. Analisando a situação PÓS acontecimento, percebo que o maior engano não foi com relação a pessoa, foi comigo, pois eu me perdi naquilo que eu também idealizei. Quantas vezes culpamos os outros por nos enganar, mas quantas vezes nós mesmos nos deixamos nos enganar por aquilo que idealizamos?  Nessa situação específica, sem dúvida, a pessoa em questão foi  extremamente canalha,  infantil, enfim, poderia atribuir-lhe uma série de adjetivos "negativos", porém, não posso extrair a minha responsabilidade nisso tudo. Eu também me deixei enganar por aquilo que eu desejava que ele fosse. Deixei me enganar pelas idealizações que eu mesma fiz. E quantas vezes fazemos isso em nossas vidas, não? Muitas...muitas...muitas.
A questão é que, comumente, em situações em que a nossa consciência significa algo como "experiência negativa", tendemos a generalizar essas experiências negativas para diversas situações. Por exemplo, quantas vezes, ao nos decepcionarmos e nos frustrarmos com alguém, não falamos: "Não quero mais saber de relacionamento" ou "Vou fazer a mesma coisa com outras pessoas", ou ainda "Não dá para confiar em mais ninguém!". Eu mesma, nessa situação em questão, me peguei pensando: "Ah, não vale a pena. Olha só como as pessoas são vazias, sem caráter, não dá para confiar em ninguém!". Olha só que generalização péssima! A verdade é que, por mais que haja uma tendência de fazermos tais generalizações, temos que ter o nosso tempo para refletirmos sobre esse tipo de pensamento. Existir é estar aberto para o que vem ao nosso encontro em nossa lida cotidiana: com nós, com os outros, com o mundo; logo, na vida não há garantias, certezas. Mesmo tentando nos fechar a fim de nos proteger, ainda assim não há garantia de "não sofrimento", pois com tanta proteção, como ser feliz? Por estarmos em constante abertura para o que acontece "aí" no mundo, é que podemos refletir e fazer novas escolhas. E que bom ter esse poder de escolha, né? Não dá para pensarmos nas pessoas como "formas de gelo", em que todas são iguais, da mesma forma. Cada pessoa possui uma construção sócio-histórica-cultural, com experiências e vivências particulares, com diferentes modos de ser e estar no mundo. Sendo assim, como podemos generalizar pessoas e situações? É claro que estamos em uma era onde o consumismo ultrapassou todos os limites e, comumente, ao invés de amarmos pessoas e  usarmos coisas, estamos amando mais as coisas e usando as pessoas, transformando, então,  as relações em mercadorias. Porém, com esse tipo de ação, é cada vez mais comum nos depararmos com pessoas que cada vez mais reclamam de um imenso vazio dentro de si...e por que será? Enfim...algo a se pensar: o que estamos fazendo com as nossas relações(conosco, com os outros)? Que vazio é esse? Estamos assumindo as nossas responsabilidades por nossas escolhas/ações, ou será que estamos fugindo delas, atribuindo-as aos outros?

                 "A vida é a soma de todas as suas escolhas!" (Albert Camus)

 P.s.: E até fugir de escolhas e posicionamentos é escolher. 

terça-feira, 26 de março de 2013

Críticas: Com fundamento ou não?

Em meio a tantas críticas com imensa veemência, estive pensando: Será que essas mesmas pessoas que fazem suas críticas pensam no objetivo, no contexto, e se preocupam com o que estão dizendo/escrevendo?
Crítica com fundamento é excelente. O problema são as críticas aleatórias pelo simples fato de quererem criticar algo sem analisar o propósito e o contexto, e aí acabam caindo na frivolidade. Infelizmente essas últimas são as mais atrativas nas redes sociais, e as mais comuns.
Por exemplo, que crítica mais sem fundamento querer que a Igreja se modernize cada vez mais. Acho mesmo que o ponto básic...o nas Igrejas tem que ser o de transmitir bons valores(de respeito, fraternidade, etc) e, principalmente, estimular esses valores em termos práticos, em ações. Só que a Igreja se baseia na Bíblia, e não há possibilidade de haver modernização da Bíblia, senão, perderia a essência de tudo isso, não é? Acho mesmo que o respeito com as diferenças é algo básico que temos que aprender desde pequeninos. Ninguém é obrigado a fazer o que está escrito na Bíblia, assim como ninguém é obrigado a aceitar e concordar com todo e qualquer tipo de idéia e prática. Respeitar é uma coisa, concordar é outra. Respeito é obrigação, haver concordância não. Querer que a Igreja se transforme a ponto de perder a essência, é a mesma coisa que uma pessoa chegar e exigir que vocês mudem os valores e crenças que vocês possuem até chegar ao ponto de vocês falarem: "Opa, mas se eu mudar tanto assim, esse não será mais eu."

domingo, 3 de março de 2013

Não é incomum ouvirmos a expressão: "Não se fazem mais homens como antigamente."
Pude ouvi-la, mais uma vez, neste fim de semana, e fiz alguns questionamentos.
A frase por si só é interessante, pois de fato, por sermos seres sócio-históricos-culturais, de acordo com as diferentes épocas e mudanças paradigmáticas, há uma série de reformulações e desconstruções, afetando, assim,  nosso modo de relação conosco e com tudo que nos cerca. Logo, não é surpreendente que as representações acerca de "ser mulher" e "ser homem" mudem mesmo, não é? O problema é que essa expressão("Não se fazem mais homens como antigamente!") tem uma conotação de "crítica negativa" ao "ser homem atualmente". Quando ouço esse tipo de expressão, penso: "Então isso quer dizer que  "ser mulher na contemporaneidade" é a mesma coisa que há 10, 20, 30, 40(e por aí vai) anos atrás?". Não precisamos refletir tanto para respondermos: "Não, muita coisa mudou!". E mudou MESMO. Ou melhor, não só mudou como estamos em constantes transformações nos mais diferentes aspectos. A nossa luta por inúmeras quebras paradigmáticas vem de tempos tenros. Lembro-me de ter estudado que em 1908(por aí) já haviam marchas de milhares de mulheres, em Nova York, exigindo melhoria de salário e direito de voto. Há quantos anos lutamos contra preconceitos, violências(nos mais variados sentidos) e desvalorizações, não é mesmo?  Ao olharmos para trás, é nítido e notório os grandes avanços frente as conquistas femininas.Sem dúvida ainda há muita luta pela frente, mas é inegável que muito já foi conquistado(e está sendo, a duras penas). Ainda assim, com tantas mudanças, as próprias mulheres se pegam em meios a pensamentos retrógrados e machistas. Frente à tudo isso, como fica a "representação de ser homem" com tantas mudanças? Diante de tantas transformações, é coerente que as representações relacionadas a "ser homem" também se transformem.
Felizmente "ser homem" está deixando de categorizado como: o cara forte, que não chora, que sustenta (sozinho) a casa, os filhos, que só tem que seguir profissões culturalmente "masculinizadas", que tem que ser "pegador", "garanhão", dominador, etc, etc, etc. Finalmente, ao que parece, está começando a acontecer um processo de emancipação acerca dos diferentes papéis. A questão é que ainda estamos tão arraigados numa cultura machista, que ainda é confuso e difícil sair de pensamentos retrógrados para, finalmente, nos permitir quebrar alguns padrões, passando, então, a entender que independente do que está POSTO, cada pessoa possui seu próprio modo de ser e estar no mundo, e é de SUMA IMPORTÂNCIA, ao menos, questionarmos aquilo tudo que está pré-determinado.
 Em meio a tantas mudanças e crises nos diversos "modelos", acabamos ficando confusos e com sensação de estarmos "perdidos", mas, se analisarmos a palavra crise, veremos que se origina da palavra grega “krísis” e tem como alguns de seus significados "fase difícil, grave, na evolução das coisas, dos fatos, das idéias"; e também como um "estado de dúvidas e incertezas. A crise então, pode ser vista como OPORTUNIDADE de mudanças, pois é no estado de dúvida, em momentos difíceis, que passamos a refletir e questionar. Que venham as crises dos paradigmas enraízados, e que possamos não apenas cair em discussões frívolas, mas principalmente, nos libertarmos de pré-conceitos e preconceitos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A predominância do "despotismo ideológico".


Já não é de hoje que tenho observado a predominância de déspotas por aí. Déspotas esses que estão por todas as partes, nos diversos âmbitos e nas mais variadas épocas da nossa história. Para nomear uma “antiga” (e tão comum ainda hoje) forma de governo, falavam em “despotismo”; onde o poder detinha a razão. Segundo Montesquieu, de acordo com essa forma de governo, apenas um governa, sem a necessidade de leis e regras, e domina tudo e todos.  Opressão demais? Será mesmo? Quando tento fazer uma análise a respeito das ações de alguns “políticos” muito atuais, vejo que o belíssimo pensamento de Heráclito (“Nada é permanente, exceto a mudança!”) infelizmente esvai-se. E esvai-se porque apesar das inúmeras quebras paradigmáticas, algumas coisas insistem em perpetuar. Porém, perpetuam-se de maneira camuflada. O que antes era “descarado”, agora é maquiado e camuflado, e sem perceber somos diariamente ludibriados.
 Se pensarmos no despotismo de maneira mais ampla, não só nas esferas governamentais, veremos que esse tipo de ação, no sentido de arbitrariedade e opressão, é ainda mais freqüente. Arbitrariedade essa que podemos detectar inclusive em pequenas discussões, seja lá sobre o que for e aonde for. Um sempre querendo impor seus princípios ideológicos a qualquer custo. Não basta falar sobre tais idéias, há a necessidade de IMPOSIÇÃO: "o outro também tem que pensar como eu". "O outro não pode pensar diferente, afinal, QUEM ELE PENSA QUE É"? Mas a resposta é clara, não? O outro é um OUTRO ser, que nasceu numa OUTRA família, que teve OUTRAS experiências, OUTRAS vivências, e por aí vai. Simples, não? Nenhum pouco. Se fosse, a palavra do momento não seria “desrespeito”. E não há como falarem em respeitar leis e regras sem haver, ANTES DE MAIS NADA, um respeito com o outro.
Acredito que há possibilidade de mudança se houver, primeiramente, uma autocrítica: Como me comporto diante daquele que é diferente de mim? Quando passamos a nos perceber, nossa consciência passa a apreender melhor não só o nosso próprio modo de ser, mas também o modo como gostaríamos de ser, e dessa maneira passamos a ter a possibilidade de modificar algumas ações. E como precisamos de tais modificações para a construção de um mundo melhor, não? “Mundo” esse que tenha como diretriz o respeito ao outro e, consequentemente, maior respeito também às leis e normas para haja então um melhor convívio social.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O tempo como horizonte de nossa construção e história:

Há quem diga que o tempo cura tudo. Será? Como tudo na vida, o tempo não é algo passível de uma só interpretação. Pode ser um grande aliado ou uma grande ameaça. Pode ser o mocinho ou o vilão. Pode ser a calma ou o tormento; a mudança ou a mesmice; o motivo de muitos sorrisos, mas também de muitos choros; de muitas conquistas e muitos fracassos; de muita vontade, mas também da falta dela; de muitos amores(muitos!), de muitas dores; de companhias, de solidão...de alegria e frustração. Olhar para o tempo é olhar diretamente(ou indiretamente) para a nossa história, para a mundaneidade do nosso mundo(e por que não dos nossos mundos? Sim, no plural; vários deles); olhar para o tempo é olhar para a construção do nosso existir até então; é olhar para aqueles que passaram por nós, se foram, mas deixaram um pouquinho de si; e quantos já passaram por nós! Ah, o tempo...! Tempo que nos ilude e nos traz a sensação que não passa; o mesmo tempo que voa, que corre, que não para; tempo que se esvai...que esvai do nosso controle e não mais volta! Tempo que podemos odiá-lo ou apreciá-lo. Tempo que nos rejuvenesce, envelhece, e nos finda. Tempo traiçoeiro, tempo amigo. Tempo que um dia nos faz perceber que pode ser isso ou aquilo, e só depende de nós, de como o vivenciamos, de como o significamos e ressignificamos.  Tempo...tempo de pensar, amar, chorar, lutar, falar, desculpar e até mesmo desculpar-se; tempo de desejar, beijar, brindar, abraçar,sonhar; tempo de planejar; tempo de recomeçar; tempo de ler, reler; tempo de aprender, desaprender e reaprender; tempo de viver...e de viver enquanto há tempo!

Regina Ramalho

P.s.: Escrevendo brevemente sobre o tempo, lembrei-me da belíssima música do Lenine, "paciência".

 http://www.youtube.com/watch?v=sXmWAOIWg3w

"Será que é tempo que lhe falta pra perceber? Será que temos esse tempo pra perder? E quem quer saber? A vida é tão rara...tão rara..!"( Lenine - paciência)



sábado, 2 de fevereiro de 2013

Finalmente me permiti criar um blog. Através deste blog, tenho o intuito de postar alguns dos meus questionamentos e reflexões acerca de diversos assuntos. Pensei: "Por que não "compartilhar" questionamentos?".
Sendo assim, vamos lá. Risos.
Ontem foi mais um dia que eu me perguntei se de fato existem leis em nosso país.
Se a lei "Ficha Limpa torna inelegível por oito anos um candidato que tiver o mandato cassado, renunciar para evitar a cassação ou for condenado por decisão de órgão colegiado (com mais de um juiz), mesmo que ainda exista a possibilidade de recursos", o que significam as últimas notícias? Não só  as últimas notícias no âmbito federal, mas no que diz respeito à MT também!
Tenho a sensação que as últimas notícias são um tapa na nossa cara dizendo: "Ficha limpa? Ráááá!!! Pegadinha do malandro...glu glu, nhé nhé..!" 
Não só me pergunto: "Será que existem leis em nosso país?", como diversas vezes me respondo: "Não, não há!". E não acho que eu esteja sendo radical, penso que realmente não existem. Se existissem, de fato, não haveria TANTAS brechas para "sair pela tangente". Em ALGUMAS situações, se a frase "Tem que analisar as entrelinhas!" fizer sentido, então é porque há alguma falha na lei/regra/norma; ou será que não? Várias vezes ouço: "A questão é que a justiça é lenta!"; Mais que isso, é falha. Se é lenta, já é falha, porque em função da "lentidão", abre-se uma brecha exacerbada para que existam mais e mais crimes. 
A impressão que dá é que estamos enclausurados em um lugar que não há proteção alguma no que diz respeito a moral; e claro, infelizmente, uma proteção grandiosa aos que ocupam algum cargo de poder($) e acham que, por isso, podem TUDO! E pior, estão "certos" em pensar que "podem tudo", pois eles sempre têm um reforço positivo: A IMPUNIDADE.
Estamos diante de uma carência tão grande de referências de "valores morais", "regras", "limites", "normas", que quando alguém questiona essa falta, muitos o apontam como "falso moralista", pois a carência disso é tão grande, que fica mesmo parecendo "ilusão". Complicado, não? =/